Por Israel Ávila
A Imperadores do Samba, mais que nunca tem se mostrado aquilo
que diz seu slogan: A RESISTÊNCIA DO
SAMBA. Amargando os desmandos autoritaristas que tiraram da escola sua
quadra de ensaios, a entidade realiza no dia 06 de Agosto, a partir do meio dia
a FEIJOADA DA RESISTÊNCIA.
Além do prato típico do samba, será servida uma vasta grade
de apresentações para alegrar os presentes, entre elas o grupo show da escola,
Pagode da Nena e participação especial de Lu Ferreira.
Os ingressos custam R$30 e podem ser reservados pelos
telefones (51) 99369 0270 | (51) 99288 9191 | (51) 3338 3909, além disso,
convites podem ser adquiridos com diretores de alas, velha guarda, destaques e
direção da escola. O evento ocorre no Clube dos Cabos e Soldados. (Av. Veiga, 223 – Partenon).
Entenda o caso
Com
a sua quadra interditada desde o final de junho, a Imperadores do Samba pode
ter que sair da avenida Padre Cacique. Segundo o Ministério Público (MP), a
escola de samba, campeã do Carnaval 2017 de Porto Alegre, estava descumprindo
um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) estabelecido em 2013 junto ao
município, no qual concordou em realizar apenas uma festa por mês, com temática
carnavalesca. A área é cedida pela prefeitura da Capital. O presidente da
Imperadores do Samba, Rodrigo Costa, conta que a escola está buscando apoio e
resolvendo a questão juridicamente. "Para nós, é a pior coisa neste
momento, porque precisamos da quadra liberada para angariar recursos para o
Carnaval, já que a sugestão da prefeitura é que a festa seja paga pela
iniciativa privada", afirma. Além da preocupação de pagar a realização do
Carnaval, a Imperadores precisa alugar tendas para cobrir a quadra quando há
eventos desde as obras da Copa do Mundo de 2014, nas quais a prefeitura acabou
retirando a lona existente como parte das execuções ocorridas na época.
Juntamente com contas como água e luz, o gasto mensal aproximado da escola de
samba é de R$ 8 mil. Costa explica que o problema com o MP se deu porque recentemente
houve conflito de datas e, em vez de ser feito apenas um evento no mês, foram
feitos dois na mesma semana.
No
entanto nega que a temática não fosse carnavalesca. "Todos os nossos
eventos são de Carnaval ou, ao menos, em prol do Carnaval. Só não tocava música
carnavalesca", explica. No dia 8 de agosto, haverá uma audiência de
conciliação, com a presença de representantes da Imperadores, MP e prefeitura.
"Se Deus quiser, seremos liberados, mas, independentemente disso,
esperamos que a prefeitura não nos penalize dessa forma, tirando-nos da Padre
Cacique", destaca o presidente. Caso a cessão da prefeitura seja
rescindida, Costa alega que a escola de samba não tem para onde ir. "Não
estamos mensurando isso. Acreditamos que vamos permanecer aqui. Temos a maior
torcida da cidade, desfilamos com 2 mil componentes, e metade das pessoas que
gostam de Carnaval torce por nós", observa, admitindo que a localização
geográfica ajuda no apoio.
Foto: Jonatas Reckler |
Segundo promotora, problemas têm sido
recorrentes
A
promotora de Justiça do Meio Ambiente de Porto Alegre, Ana Maria Moreira
Marchesan, relata que o histórico referente a problemas com a Imperadores é
grande. "Essa escola de samba descumpre reiteradamente a legislação
municipal, tanto que, há cinco anos, chegou a ter uma ordem de interdição, que
não foi respeitada", declara.
Na
época, chegou a ser expedido mandado de busca e apreensão dos equipamentos
sonoros da Imperadores, depois revogado pela Justiça. Ana Maria, que já morou
no entorno da Padre Cacique, lembra que os moradores se incomodam muito com o
barulho gerado pela Imperadores e pelas outras duas escolas de samba que atuam
no local, a Praiana e a Banda do Saldanha, além do Estádio Beira-Rio, ao lado
das quadras. "É um perfeito inferno, porque, quando não tem barulho de um,
tem de outro", avalia.
Depois
de cinco ou seis reuniões, em outubro de 2013, foi celebrado um acordo entre as
três escolas de samba e o município, no qual foram estabelecidos dias e
horários adequados à realidade de cada escola, tipo de evento e volume sonoro.
"Neste ano, começaram a pipocar várias reclamações na Promotoria em
relação à Imperadores, que estava fazendo festa todo fim de semana, uma ou duas
vezes. Às vezes, para universidades, que não têm nada a ver com Carnaval. O
volume era elevado, e os horários, elevadíssimos", conta. As festas tinham
eventos no Facebook, usados como provas pelo MP. "Entramos com uma ordem
para a cessação das atividades, e eles não a respeitaram. Aí, tivemos que
chegar a esse ponto de acorrentar a sede com cadeado", lamenta. Mesmo
assim, a promotora garante que um acordo é de interesse do MP, desde que seja
cumprido.
Fonte: Jornal do Comércio/ Por Isabela
Sander